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Atualizando a Esperança da Parousia

Texto: I Tessalonicenses 5.1-11
Por Alexandre Azevedo

Em 1 Tessalonicenses 4.16 o apóstolo Paulo pinta o quadro da parousia (vinda de Cristo) com largas pinceladas, que retratam um evento de proporções cósmicas, com grande brado, voz de arcanjo e trombeta de Deus. Um evento que mobilizará os Céus e fará estremecer a Terra (cf. Mt. 24.29). No entanto, na descrição do apóstolo em 1 Ts. 5.1-7, o período que antecederá a parousia será de profunda insensibilidade e de absoluta falta de percepção da iminência deste evento, por parte de muitos.

Paulo descreve a situação do mundo, no momento imediatamente anterior à vinda de Cristo, como sendo de total alienação e indiferença espiritual. Este estado é identificado no texto por expressões que apontam para o “estar em trevas”, o “enganar-se com uma falsa sensação de paz e segurança”, o “estar dormindo” e o “estar embriagado”. Em todos os casos, trata-se de uma consciência profundamente diminuída, entorpecida ou alterada, incapaz de discernir a iminência da chegada de Cristo.

Talvez a própria natureza da parousia seja uma “justificativa” para a alienação do mundo. Em uma sociedade acostumada a reduzir o conceito de realidade aos fenômenos convencionais da natureza, admitir a absoluta quebra da normalidade pelo irrompimento do mundo de Deus em nosso mundo é quase uma impossibilidade, pois não é algo que se possa fazer sem um alto nível de fé, e fé é exatamente o que o mundo não tem.

Em todo esse contexto, Paulo conclama a Igreja a caminhar em sentido oposto àquele no qual o mundo caminha, com respeito à expectativa do retorno de Cristo. Para tanto, ele evoca, em primeiro lugar, o estado da Igreja. Ao contrário do mundo, ela está na luz, e não em trevas (v. 4), sendo filha da luz e do dia (v.5). A luz e o dia formam o cenário adequado para a posse de uma consciência compatível com a parousia.

Em seguida, Paulo exorta a Igreja a não se dar à contradição de assumir uma consciência aquém daquela que se espera dos que estão na luz. A Igreja deve conservar sempre atualizada a certeza de que Cristo voltará para levá-la para Si mesmo, e esta certeza deve traduzir-se numa atitude de sóbria espera (cf. v. 6).

Algo mais deve ser dito. O contexto no qual nós, Igreja brasileira, vivemos, é extremamente desafiador. As forças que militam pela relativização da esperança desta Igreja quanto à parousia e o arrebatamento são diversificadas e sutis, e por isto, extremamente perigosas. Pode-se citar, como exemplos, as teologias de conveniência, a secularização do pensamento e da conduta pessoal, a superficialidade de um modo de viver determinado pela estupefação diante das novas tecnologias, e o enfraquecimento da relação pessoal com Deus pela ausência de uma vida de oração e de estudo da Bíblia.

Por fim, nos convém perguntar acerca de nós mesmos: o que a vinda de Cristo significa para nós? Um sonho distante? Uma pálida esperança? Uma expectativa que se diluiu em dúvida? Ou uma inabalável certeza, que ilumina toda a nossa existência e nos impulsiona a vivermos de modo digno do Senhor. O que Deus espera de nós?

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